Não existe totalitarismo

Museu de Aljube de resistência e liberdade, há sempre alguém que resiste, há sempre alguém que diz não.”

Por Inêz Oludé da Silva, para o site da Fibra.

O nazismo e o fascismo não deram certo em lugar nenhum. O totalitarismo não se concretiza tampouco, há sempre alguém que resiste, há sempre alguém que diz não, como diz o poeta de Manoel Alegre. A ditadura de Hitler que foi pensada para durar mil anos, fez estragos terríveis, deixou 85 milhões de mortos, felizmente só durou doze anos, a de Mussolini, durou dezenove anos. Eles acabaram como mereceram: um deu um tiro na cabeça, o outro foi pendurado de cabeça pra baixo pelos partigiani. Os ditadores se aliaram para dominar o mundo, mas os sonhos foram pro ralo.  As ditaduras mais longevas foram as de Salazar, 48 anos, e Franco, 36 anos.

Este mês de novembro, estive em Portugal numa viagem para o lançamento do meu livro, Os poemas que o diabo amassou, que tem algo de trajetória de vida, de perseguida política, de exilada, de presa na Argentina. Me programei desta vez,  foquei na visita dos museus de Lisboa que ainda não havia visitado em viagens anteriores, entre eles, o estarrecedor Museu de Aljube. Neste momento pude visitar a exposição permanente e a exposição temporária que “Mulheres e resistência – novas cartas portuguesas e outras lutas”, que me impactou profundamente e me fez pensar que não pode ser coincidência, tantas semelhanças entre os ditadores Salazar, Hitler, Francisco Franco, Mussolini, e tantos outros. Ou os tiranos saíram da mesma chocadeira, ou frequentam a mesma escola ou leem a mesma cartilha do abc do ditador, escrita por algum espírito maligno. 

Percorrendo as salas do museu, muitas lembranças do passado me assaltam  e me revoltam. Não posso deixar de pensar na cópia mal-acabada do ditadorzinho de merda que se instalou no Planalto por fraude da famigerada Lava Jato e do ex-juiz parcial, ex-ministro de Bolsonaro, Sérgio Moro, com grande apoio da mídia, das FFFA, do Senado, do Congresso, da Fiesp – “Faria Laimer” com judiciário com tudo.  A gang de nazi-fascistas, corruptos e  babas hemorroida do miliciano, para obter cargos e mamatas. 

Meu cérebro está a mil, registrando tudo. Me deparo com uma informação incrível: Salazar recebeu da CIA o Manual de Tortura. Sim, existem sete manuais de tortura, produzidas pelos Estados Unidos, os defensores dos direitos humanos, no países dos que se opõem à dominação do império.  Imediatamente o livro Olga, do jornalista Fernando Guimarães me vem à mente, já em 38, ela foi interrogada por um americano e 8 nazistas alemães, na prisão de Filinto Strumbing Müller, o torturador chefe de polícia política do governo de Getúlio Vargas,  durante o velho Estado Novo! 

Penso que a operação Condor foi um nome de batismo tardio, dado ao plano bastardo dos ditadores latino-americanos, essa cooperação criminosa vem de longe. Houve também cooperação com nazistas alemães, com os franceses que torturavam na Argélia e outros facínoras, se pode ver no documentário os Esquadrões da morte, uma escola francesa, como foram dar aula de como esfolar opositores, aos ditadores sul-americanos, nos anos 60/70, especialmente aos argentinos, uruguaios e brasileiros. Fuçando na internet, aqui e ali se acha um documento do MRE (sim, o Ministério de Relações Exteriores do Brasil, que atuou durante a ditadura para articular a internacional do crime político). Eu encontrei um  que fazia referência à minha prisão na Argentina e aos exilados brasileiros em diferentes países. Neste documento se pode ler  uma informação sobre um nazista alemão, que estava auxiliando no Uruguai, para limpar a imagem da ditadura. 

No Chile e na Bolívia, os nazistas, protegidos pelos americanos e europeus, que conseguiram escapar dos tribunais aliados, com passaporte do Vaticano e outras instituições, eram legião e participaram ativamente de torturas,  assassinatos, sequestros e desaparecimentos nas Américas. Esta internacional do crime político, se articula há mais de meio século no mundo, impunemente, a assessorada pela escola das Américas, um instituto do Departamento de Defesa dos Estados Unidos, fundado em 1946. Em 1961, seu objetivo oficial passou a ser o de ensinar a “formação de contra-insurgência anticomunista”. A Escola de Assassinos, como é conhecida desde 1946, treinou mais de 60 mil militares da Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia, Costa Rica, Equador, El Salvador, Guatemala, Honduras, Nicarágua, Panamá, Paraguai, Peru, Uruguai e Venezuela.

Durante os anos 1980, incluiu o uso de tortura em seu currículo, mas, sem marcas visíveis, a Constituição americana, não admite tortura, que deixe marcas. Recomendo o filme, o Mauritaniano, que ficou preso 14 anos em Guantánamo, acusado de terrorismo, depois inocentado. Ele sofreu as torturas que uma mente humana normalmente constituída, não consegue nem imaginar, embora que nesse quesito, o ser humano é mostrou-se expert, durante a inquisção, o período escravagista, antes, durante e depois da 2a guerra mundial, durante as ditaduras latino-americanas. Em suma, se vamos  ver até o Cristo, são 2000 anos de práticas bestiais, em nome de Deus, da pátria e da família.

Por falar nisso, o que Sérgio Moro e Bolsonaro foram fazer na sede da CIA? Até hoje isso não foi esclarecido. Precisamos saber antes que seja tarde, um projeto nazista está em curso no Brasil. Depois não com lorota de que não foram avisados ou que não sabiam, como aconteceu na Alemanha do pós-guerra e a denazificação à meia boca .

Fado, Fátima e futebol

A ditadura de Salazar tinha como lema oficial: “Deus, Pátria e Família”. Isso lembra alguém no Brasil?  Posteriormente desviado por escárnio pejorativo para “ Triplo F ” para Fado , Fátima e Futebol , Salazar não criou culto de personalidade como o Mito (mano) do Brasil, mas o péssimo, é que essa coisa ficou no poder 48 anos, torturando, matando, esfolando.

O Museu do Aljube de resistência e liberdade

A palavra Aljube, de origem árabe, significa poço ou cisterna, também designa prisão e, especialmente, prisão obscura e profunda. Esta prisão tem uma história singular: antigo cárcere eclesiástico subterrâneo, prisão de padres, que geralmente ficava junto ao mosteiro, continuou sua triste vocação,  sendo  uma das cadeias do ditador Salazar, de 1928 a 1965, por aí passaram entre 30 e 50.000 presos políticos, serviu como entreposto para deportações de presos aos campos de concentrações do regime, instalados nas colônias da África, como o de Tarrafal.

“Grande parte destes presos políticos eram levados para o Aljube sem qualquer tipo de audiências de acusação nem culpa formada, passando alguns vários meses sem qualquer tipo de julgamento nem outro tipo de audiências onde pudessem se defender. Após a implantação da Ditadura Militar em 28 de maio de 1926, a cadeia do Aljube é rapidamente utilizada para a detenção de “presos políticos e sociais”, designadamente na sequência das revoltas que marcam o início do novo regime”. (Museu do Aljube, Wikipédia) 

Tortura e morte no Aljube

A cadeia do Aljube foi usada pela polícia política, do sinistro ditador Salazar, para interrogatórios, aplicando diversos métodos de torturas, como  espancamentos, privação de sono e “estátua”, levando em alguns casos, a mortes.  Quem tiver coragem leia o relatório da Comissão da Verdade no Brasil, vai se deparar com os mesmos tipos de relatos de presos, mas não só, todas as ditaduras usaram os mesmos procedimentos. Coincidência? Não, com certeza não! Apostaria que todos foram agraciados com os manuais de tortura da CIA. Se procurar bem há de se achar em alguma gaveta de algum quartel ou do DOPS, se não foram queimados, devem estar nos arquivos da ditadura. Não é  à-toa, que os milicos ficaram tão melindrados com a comissão, é que o rei ficaria com a bunda de fora em praça pública.

O isolamento: os curros ou gavetas

A Cadeia do Aljube ficou especialmente conhecida pelas celas de isolamento que foram construídas no início dos anos 40 do século passado. 

“Feitos à medida de um homem estendido ao comprido e parecendo sarcófagos, os “curros” ou “gavetas” eram 13 pequenas celas de “solitária”, situadas no 2.º andar do Aljube. Cada uma dessas celas tinha um catre basculante (ou bailique), que, quando estava para baixo, girando numas dobradiças, não possibilita ao preso mexer-se – da tarimba que era estreita sobravam uns 15 centímetros até à parede oposta. Era nos curros, no mais total isolamento e solidão, que os presos incomunicáveis aguardavam que os viessem buscar para os interrogatórios e mais torturas, na sede da polícia política. Durante o período de permanência no isolamento, o preso não tinha absolutamente nada para se ocupar: nem caneta, nem lápis, nem papel, nem jornais, nem livros, nem relógio, nem podia fazer a limpeza da cela ou qualquer outro trabalho, nem tinha qualquer horizonte para observar, nem sequer espaço para se mover. No mesmo piso, no final de um corredor transversal, ao lado da retrete e do chuveiro, a existia ainda a cela disciplinar – a cela n.º 14, em que o isolamento parecia ainda maior, porque a escuridão era praticamente total e porque a ordem de silêncio era cumprida ao limite, a que acrescia o sistemático mau cheiro que vinha da casa de banho contígua”.

Na prisão de Villa Devoto, Buenos Aires, onde estive presa durante os anos de 1975/76, com 1.200 mulheres, os curros eram chamados de “chanchas” (porcas), as condições eram muito parecidas. Nos Estados Unidos, temos o mesmo tipo de cela de isolamento, no corredor da morte, muitos foram executados e anos depois inocentados. Múmia Abu Jamal (Jornalista, ativista político, jornalista de opinião , próximo dos Black Panthers que o diga, que está numa destas celas há 40 anos). A tortura foi ou é praticada, no mundo inteiro. Lembro que na Europa, além de Portugal, ditaduras existiram no Leste, na Grécia, na Espanha e na Itália e todas foram muito sanguinárias, se é possível medir a ruindade, a perversão e a crueldade. 

Que ninguém mais cerre as portas que Abril abriu

Aljube  saiu de sua maldição carcerária   transformando-se em Museu do Aljube de Resistência e Liberdade,trazendo às memórias as lutas contra a ditadura mais longa da história, inaugurado em 25 de abril de 2015.

Brasil, abre as portas de tuas memórias

No Brasil, um projeto de nazismo está em curso. Estamos governados por um gogo mal parido, medíocre, inepto, corrupto, incompetente, rei da rachadinha, pai da mentira e genocida, que se elegeu fazendo arminha, com promessa de campanha de metralhar a “petralhada” e jogar a oposição na Ponta da Praia, (onde os militares faziam desaparecer os opositores). Nostálgico da ditadura militar, defensor da tortura, negacionista, que tem o torturador Coronel Brilhante Ustra como herói, elogiou Pinochet,  fez homenagem ao ditador pedófilo Strossner, e derrubou a Comissão da Verdade, que investiga os crimes da ditadura militar( 1964-1985). Se os cravos em Portugal estão correndo perigo de murchar, no Brasil, nunca brotaram, pa. As memórias da escravidão do índio e do negro estão seladas, a memória da ditadura de 64, está sob chantagem, criminalizada, negada, contada errada. Brasil, abre as portas de tuas memórias.

Inêz Oludé da Silva

inezolude@gmail.com

Bruxelas, 29/11/21


Trova do Vento que Passa

Manuel Alegre*

Pergunto ao vento que passa

notícias do meu país

e o vento cala a desgraça

o vento nada me diz.

Pergunto aos rios que levam

tanto sonho à flor das águas

e os rios não me sossegam

levam sonhos deixam mágoas.

Levam sonhos deixam mágoas

ai rios do meu país

minha pátria à flor das águas

para onde vais? Ninguém diz.

Se o verde trevo desfolhas

pede notícias e diz

ao trevo de quatro folhas

que morro por meu país.

Pergunto à gente que passa

por que vai de olhos no chão.

Silêncio — é tudo o que tem

quem vive na servidão.

Vi florir os verdes ramos

direitos e ao céu voltados.

E a quem gosta de ter amos

vi sempre os ombros curvados.

E o vento não me diz nada

ninguém diz nada de novo.

Vi minha pátria pregada

nos braços em cruz do povo.

Vi minha pátria na margem

dos rios que vão pró mar

como quem ama a viagem

mas tem sempre de ficar.

Vi navios a partir

(minha pátria à flor das águas)

vi minha pátria florir

(verdes folhas verdes mágoas).

Há quem te queira ignorada

e fale pátria em teu nome.

Eu vi-te crucificada

nos braços negros da fome.

E o vento não me diz nada

só o silêncio persiste.

Vi minha pátria parada

à beira de um rio triste.

Ninguém diz nada de novo

se notícias vou pedindo

nas mãos vazias do povo

vi minha pátria florindo.

E a noite cresce por dentro

dos homens do meu país.

Peço notícias ao vento

e o vento nada me diz.

Mas há sempre uma candeia

dentro da própria desgraça

há sempre alguém que semeia

canções no vento que passa.

Mesmo na noite mais triste

em tempo de servidão

há sempre alguém que resiste

há sempre alguém que diz não.

(*) Manuel Alegre nasceu em 1936 e estudou na Faculdade de Direito de Coimbra, onde participou activamente nas lutas académicas. Cumpriu o serviço militar  na guerra colonial em Angola. Nessa altura, foi preso pela polícia política (PIDE) por se revoltar contra a guerra. Após o regresso exilou-se no norte de África, em Argel, onde desenvolveu actividades contra o regime de Salazar. Em 1974 regressou definitivamente a Portugal, demonstrando, nos vários cargos governamentais que tem desempenhado ao longo dos anos, uma  intervenção fiel aos ideais da Liberdade.


Fernando Pessoa e a poesia antifascista

António de Oliveira Salazar

Três nomes em sequência regular…

António é António.

Oliveira é uma árvore.

Salazar é só apelido.

Até aí está bem.

O que não faz sentido

É o sentido que tudo isto tem.

Este senhor Salazar

É feito de sal e azar.

Se um dia chove,

A água dissolve

O sal,

E sob o céu

Pica só azar, é natural.

Oh, c’os diabos!

Parece que já choveu…

Coitadinho

do tiraninho!

Não bebe vinho.

Nem sequer sozinho…

Bebe a verdade

E a liberdade.

E com tal agrado

Que já começam

A escassear no mercado.

Coitadinho

Do tiraninho!

O meu vizinho

Está na Guiné

E o meu padrinho

No Limoeiro

Aqui ao pé.

Mas ninguém sabe porquê.

Mas enfim é

Certo e certeiro

Que isto consola

E nos dá fé.

Que o coitadinho

Do tiraninho

Não bebe vinho,

Nem até

Café.

Este senhor tão cruel

É feito de maldade

Se um dia nos revoltarmos 

A água avermelhar-se-á

O ar purificar-se-á

E sob a nossa alma

Fica só esperança

Oh, que nos liberte

Parece que nunca mais acaba.

Mata os piolhos maiores

Mata os piolhos maiores

Essa droga que tu dizes.

Mas inda há bichos piores.

Vê lá se arranjas veneno

(Ou grande, ou médio e pequeno)

Para matar directrizes.

O rei reside em segredo

O rei reside em segredo

No governar da Nação,

Que é um realismo com medo

Chama-se nação ao Rei

E tudo isto é Rei-Nação.

A República pragmática

Que hoje temos já não é

A meretriz democrática.

Como deixou de ser pública

Agora é somente Ré.

E o Salazar, artefacto

E o Salazar, artefacto

De um deus de régua e caneta,

Um materialão abstracto

Que crê que a ordem é alma

E que uma estrada a completa.

Não há poesia nele

Ai, nosso Sidónio Pais,

Tu é que eras português!

Um materialão abstracto,

Vive na orgia do exacto

Manda o país penhorado

Por uma estrada melhor.

Grândola, vila morena

Terra da fraternidade

O povo é quem mais ordena

Dentro de ti, ó cidade

Dentro de ti, ó cidade

O povo é quem mais ordena

Terra da fraternidade

Grândola, vila morena

Em cada esquina um amigo

Em cada rosto igualdade

Grândola, vila morena

Terra da fraternidade

Terra da fraternidade

Grândola, vila morena

Em cada rosto igualdade

O povo é quem mais ordena

À sombra duma azinheira

Que já não sabia a idade

Jurei ter por companheira

Grândola a tua vaade

Grândola a tua vaade

Jurei ter por companheira

À sombra duma azinheira

Que já não sabia a idade


“As Portas que Abril Abriu” de Ary dos Santos por Napoleão Mira.

Para que a memória não seja coisa vã. É importante recordarmos o poeta e os homens que nos devolveram esse bem tão precioso como o ar que respiramos. A NOSSA LIBERDADE!

As Portas que Abril Abriu

José Carlos Ary dos Santos, 1975

Era uma vez um país

onde entre o mar e a guerra

vivia o mais infeliz

dos povos à beira-terra.

Onde entre vinhas sobredos

vales socalcos searas

serras atalhos veredas

lezírias e praias claras

um povo se debruçava

como um vime de tristeza

sobre um rio onde mirava

a sua própria pobreza.

Era uma vez um país

onde o pão era contado

onde quem tinha a raiz

tinha o fruto arrecadado

onde quem tinha o dinheiro

tinha o operário algemado

onde suava o ceifeiro

que dormia com o gado

onde tossia o mineiro

em Aljustrel ajustado

onde morria primeiro

quem nascia desgraçado.

Era uma vez um país

de tal maneira explorado

pelos consórcios fabris

pelo mando acumulado

pelas ideias nazis

pelo dinheiro estragado

pelo dobrar da cerviz

pelo trabalho amarrado

que até hoje já se diz

que nos tempos do passado

se chamava esse país

Portugal suicidado.

Ora passou-se porém

que dentro de um povo escravo

alguém que lhe queria bem

um dia plantou um cravo.

Era a semente da esperança

feita de força e vontade

era ainda uma criança

mas já era a liberdade.

Quem o fez era soldado

homem novo capitão

mas também tinha a seu lado

muitos homens na prisão.

Posta a semente do cravo

começou a floração

do capitão ao soldado

do soldado ao capitão.

Capitão que não comanda

não pode ficar calado

é o povo que lhe manda

ser capitão revoltado

é o povo que lhe diz

que não ceda e não hesite

– pode nascer um país

do ventre duma chaimite.

Foi então que Abril abriu

as portas da claridade

e a nossa gente invadiu

a sua própria cidade.

Disse a primeira palavra

na madrugada serena

um poeta que cantava

o povo é quem mais ordena.

E então por vinhas sobredos

vales socalcos searas

serras atalhos veredas

lezírias e praias claras

desceram homens sem medo

marujos soldados «páras»

que não queriam o degredo

dum povo que se separa.

E chegaram à cidade

onde os monstros se acoitavam

era a hora da verdade

para as hienas que mandavam

a hora da claridade

para os sóis que despontavam

e a hora da vontade

para os homens que lutavam.

Em idas vindas esperas

encontros esquinas e praças

não se pouparam as feras

arrancaram-se as mordaças

e o povo saiu à rua

com sete pedras na mão

e uma pedra de lua

no lugar do coração.

Dizia soldado amigo

meu camarada e irmão

este povo está contigo

nascemos do mesmo chão

trazemos a mesma chama

temos a mesma ração

dormimos na mesma cama

comendo do mesmo pão.

Camarada e meu amigo

soldadinho ou capitão

este povo está contigo

a malta dá-te razão.

Foi esta força viril

de antes quebrar que torcer

que em vinte e cinco de Abril

fez Portugal renascer.

 Ary dos Santos – As Portas que Abril Abriu – YouTubehttps://www.youtube.com ›assistir


Bibliografia

Estado Novo (Portugal) – – Wikipedia

https://fr.wikipedia.org ›wiki› Estado_Novo_ (Portugal)

Estado Novo (Portugal) · 1 História. 1.1 Contexto · 2 O projeto nacional-católico de Salazar . 2.1 Evolução do regime entre 1933 e 1945 3 Presidentes do …


Aljube, A Voz das Vítimas, Catálogo da Exposição, Lisboa, Imprensa Nacional Casa da Moeda, 2011

obre a vida e obra de Manuel Alegre consulte: http://www.manuelalegre.com

Os Manuais da Tortura – Wikipedia, a enciclopédia livre

https://es.wikipedia.org ›wiki› O …

Manuais de tortura

Um dos mais conhecidos manuais de tortura utilizados para treinamento na Escola das Américas recebeu o título de Manuais KUBARK. Parte dos manuais foram desclassificados pela CIA em 1994.[17]

 Campo de Concentração do Tarrafal – Wikipedia

https://pt.wikipedia.org ›wiki› Ca …

O seu principal objetivo era aniquilar física e psicologicamente os opositores portugueses e africanos à ditadura Salazarista , isolando-os do resto mundo em …

 Salazarismo – Mundo Educação

https://mundoeducacao.uol.com.br ›…

António Salazar a fé o líder da ditadura conhecida como Estado Novo. Governou Portugal, de 1933 a 1968, e fé por problemas de saúde. *.

Operação Condor e Outros Ditadura no Brasil – Comissão Nacional …

http://cnv.memoriasreveladas.gov.br ›…

O GT Operação Condor da Comissão Nacional da Verdade examinou um conjunto de documentos, obtido junto a acervos no Brasil, Argentina, Estados Unidos e Paraguai … 

Um torturador francês na ditadura brasileira – Sul 21

https://sul21.com.br ›2014/04› um …

5 de abril de 2014 – Paul Aussaresses reconheceu a prática de torturas, … a escola francesa ”de 2003, que entrevistou militares americanos que tiveram aulas …

 As origens da guerra revolucionária e o uso da tortura pela … – Redib

https://redib.org ›Registro› oai_artic …

O ensaio analisa o documentrio Esquadres da Morte: a Escola francesa (2003), da cineasta francesa Marie-Monique Robin. A proposta analtica volta-se parece m

Ratlines – Wikipedia, uma enciclopédia de livros

https://pt.wikipedia.org ›wiki› Ratl …

As ratlines (em português, literalmente, linhas de ratos ou caminhos de ratos) eram sistemas de fuga para nazistas e outros fascistas que deixavam a Europa ..

Ravensbrück: A história do campo de concentração nazista para mulheres, de Sarah Helm (2017) – https://amzn.to/33uHoi8

Olga Benario Prestes: uma comunista nos arquivos da Gestapo, Anita Leocadia Prestes ( 

2017) – https://amzn.to/2utmV08

Croire et détruire, les intellectuels dans la machine de guerre SS

Christian Ingrao

La Promesse de l’Est. Espérance nazie et génocide (1939-1943)Espérance nazie et génocide, 1939-1944

Christian Ingrao r

 (Relatório sobre a tortura de Amnesty International de 1973),Ed L’air du Temps, Gallimard

Johann Chapoutot, La révolution culturelle nazie, Paris, Gallimard, coll. « Bibliothèque des histoires », 201

“Nosotras en libertad”, el nuevo libro de la Colectiva ex …

https://elcolectivo.com.ar ›2021/10

– “ Nosotras en libertad ” é um livro web realizado para a coleção de expressões políticas que contém depoimentos, fotos e vídeos de 200 ex presas politicas na Argentina..

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