Barcelona, 28 de julho de 2022.
@1flaviocarvalho. @quixotemacunaima. Sociólogo e Escritor. Ativista da FIBRA.
“Da bruma leve, das paixões que vem de dentro”
(Alceu Valença).
O início da campanha para as eleições presidenciais desperta atenção não somente dos brasileiros, mas do mundo inteiro, preocupado com os destinos de temas importantes como a emergência climática, o negacionismo de Estado, a Amazônia como pulmão do mundo, o extermínio das comunidades tradicionais, indígenas e quilombolas – entre muitos outros.

Para os brasileiros, o que mais preocupa agora são dois temas essenciais: um conjunto de problemas relacionados à fome, à miséria, à precariedade econômica crescente e à vulnerabilidade social de milhões de crianças e famílias; e o clima de violência e ameaça institucional decretado pela atual Presidência da República – como estratégia de dar-se um autogolpe, vitimando-se por uma situação política caótica e desordenada, provocada com dinheiro público, ao perceber-se perdendo as eleições.
Depois de inúmeros atos realizados pela militância brasileira antifascista no exterior, com ampla repercussão em todo o Brasil e nos cinco continentes, surpreende-nos, com certa decepção, o anúncio da mobilização “nacional” no topo da lista de eventos programados pela Campanha Fora Bolsonaro. Seria a distância geográfica o impedimento para somar-nos como aliados dos movimentos sociais brasileiros – que imensamente nos representam? Não cremos! É certo que não faz sentido gritar para que não se esqueçam de nós, principalmente porque já sabemos de nossa capacidade de repercussão na grande mídia e nas redes sociais, em cada pequeno ou grande ato que realizamos com êxito e significado. Também é certo, que somente à direita chucra interessa a não internacionalização das lutas neste momento da vida brasileira.
Pacientes e compreensivos, encontramos uma explicação (como um conforto?). A comodidade de estar fora do nosso país, nos permite um olhar privilegiado: não estamos lá dentro da intensidade e do desespero, com um fascista em cada esquina esperando para nos golpear. Morar no exterior não é viver num paraíso de conto de fadas, mas não somos hipócritas para negar que o nosso Brasil é, infelizmente, um campeão mundial de desigualdades sociais, de racismo, de machismos, de transfobias e homofobias e motivo de preocupação internacional pelo aumento da violência fascista organizada e incentivada de dentro do próprio Palácio do Planalto. Bolsonarismo Mata. É fato. Lamentável, mas é.
A boa notícia é a vigorosa programação dos novos atos de resistência, nas ruas de todo o país.
Mas enganam-se os que por ventura apostem, que nos conformamos em ativismo de sofá! Preparem-se cidades (onde moramos), no exterior! Aqui estamos. De pé. O país, nosso também, consolida a nossa resiliência interna, a cada dia que passa, cotidianamente, nos nossos processos migratórios, exílios e autoexílios. Quanto mais “longe” nos sentimos, mas aumenta a sensação de Brasil dentro de cada um e uma de nós. Em 2007 eu já escrevia “Eu sou o Brasil em mim”.
O aumento histórico de duplicar o número de eleitores brasileiros no exterior, recentemente anunciado pelo TSE, é somente parte de um imenso sintoma. Em Paris, Barcelona, Bruxelas, Lisboa, Luanda, Tóquio, Boston, Vancouver, Líbano, para citar alguns poucos exemplos, a campanha eleitoral antibolsonarista não se resumirá a seguirmos gritando – os que podem pagar entrada – dentro dos shows brasileiros no exterior: Fora Bolsonaro e Lula Lá. À festa, não renunciamos. Nos custa, muitas vezes, separar festas de lutas.
Nosso sentimento é que se trata muito mais do que isso.
Sentimos, também nas nossas mãos, o destino do nosso país, a felicidade ou infelicidade das nossas famílias, os rumos de sonhos e esperanças das nossas melhores amigas.
Por tudo isso, estamos anunciando – e tenho certeza que é esta a intenção de cada integrante da Fibra – Frente Internacional Brasileira contra o Golpe e pela Democracia – a volta das mobilizações e atos de rua, em cada capital e principais, pequenas ou grandes cidades, do mundo inteiro. Lá estaremos. Uma família somente segurando o cartazinho feito carinhosamente e criativamente pelas crianças? Sim. Seremos poucos e MUITOS. Mas seremos, como há muito somos!
E, para concluir este texto, de conclamar a nossa mais aguerrida militância ao chamado coletivo das nossas companheiras de movimentos sociais no nosso próprio país, relato um fato curioso.
A Fibra tem um nome imenso (a meu ver), definido no seu encontro de fundação: Frente Internacional Brasileira contra o Golpe e pela Democracia!
De tão extenso nome, porque se referia ao Golpista, Temer e seus apoiadores corruptos – como agora mesmo se revelou pela própria Presidente Dilma – eu mesmo, Flávio, fui aos poucos abreviando, retirando a palavra Golpe, ao necessitar escrever o nome completo da Fibra.
Infelizmente, não preciso explicar-lhes por que – agora mais do que nunca –voltarei a escrever essa triste e desgraçada palavra GOLPE, ao mencionar o nome da FIBRA.
Tenho certeza que todas vocês já sabem o porquê.
Aquele abraço. A gente se vê nas ruas do mundo.
Leia abaixo o resumo das próximas datas e mobilizações.
JULHO
28 a 31 – Fórum Social Panamazônico (Belém/PA)
AGOSTO
01 – Reunião da Coalizão em Defesa do Sistema Eleitoral com o TSE
02 – Ato em defesa da democracia e pelo respeito ao resultado eleitoral no Senado
Federal.
05 – Conferência Nacional Livre, Democrática e Popular da Saúde (São Paulo/SP
10 a 12 – Aquilombar – Ação Quilombola em BSB
11 – MOBILIZAÇÃO NACIONAL no Brasil e no Exterior: FORA BOLSONARO: Em defesa da democracia e por Eleições Livres
SETEMBRO
05 – Dia da Amazônia
07 – Grito dos Excluídos
10 – MOBILIZAÇÃO NACIONAL: Em defesa da democracia, por eleições livres
(conforme a Coordenação da Campanha Fora Bolsonaro, 26.07.2022)
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Nota: Os textos, citações, e opiniões são fornecidos pelo autor, sendo de sua exclusiva responsabilidade, e podem não expressar – no todo ou em parte, a opinião dos Coletivos da Fibra.