Eleição em Barcelona.
Por Flavio Carvalho, para o site da FIBRA.
Sociólogo e escritor, residente em Barcelona. @1flaviocarvalho, @amaconaima, @fibrainternacional
Barcelona, 28 de maio de 2024.
“Um mais um é sempre mais que dois”.
(Beto Guedes)
O Presidente FHC, nos anos 90, pediu ao Ministro Lampreia para criar um Conselho de Cidadãos, representantes das comunidades para dialogar com os consulados. Indicados a dedo e com o rabo preso ao cônsul de plantão (claro). O que mudou? Explico, brevemente.
Junto com 98 participantes da criação da Rede de Brasileiros no Exterior, na Bélgica, em 2007, propusemos melhoras ao nosso governo: que mudasse para a linguagem inclusiva (“Conselho de Cidadania”, afinal, sempre houve maioria de mulheres participantes e na liderança); que houvesse eleição direta; e que facilitasse a crítica construtiva – sem medo de retaliação ou perseguição – na construção de políticas públicas para pessoas brasileiras no exterior. Autonomia, com obrigatório apoio do consulado, enfim. Compreensão do Estado Brasileiro. Aceitou-se.
Em seguida, fui eleito Vice-Presidente do Conselhão, de Representantes de todas as pessoas Brasileiras no Exterior, o CRBE. A luta continuou. E segue…
Direitos não caem do céu, muito menos da noite para o dia.
Atendimento ao público, serviços consulares, transparência absoluta na gestão pública, assistência, enfrentamento às violências machistas, documentação, pagamento de taxas, agendamento, apoio a projetos, promoção de direitos, são todas as coisas que podem ser feitas para nós. Merecemos que seja bem-feito. Sempre.
Tornou-se determinação oficial, no Governo Lula, a eleição direta de conselheiras e conselheiros. Virou prática em vários consulados, como aqui em Barcelona. Não em todos, infelizmente. Recentemente, propusemos ao novo governo que assim o fosse. Exigimos o obrigatório cumprimento. Que seja uma regra para todos. Política de Estado não deve ser ao bel prazer de quem quer ou não quer.
Sem esquecer que o inelegível extinguiu todos os Conselhos no primeiro dia do seu governo fascista. Evidentemente.
Em Barcelona, o Conselho de Cidadania já existe, faz muitos anos. Obteve resultados satisfatórios. É hora de avançar e melhorar.
Estão convocadas novas eleições, com prazo para inscrever-se até o dia 6 de junho.
Leia todas as informações na página do consulado.
Recomendo a sua candidatura. Se tiver dúvidas, posso tentar esclarecer.
Não sou candidato a nada. Mas tenho muito interesse em que um bom grupo de pessoas, principalmente aquelas que pensam mais na coletividade do que na sua própria promoção individual, pessoal, deem continuidade ao bom trabalho de ex-conselheiras e -conselheiros.
Apoiarei e fiscalizarei, como cidadão brasileiro que eu nunca deixarei de ser.
A propósito, esta eleição não admite chapas, somente candidaturas individuais.
Em outros países, entretanto, não houve impedimento para que pessoas que tivessem os mesmos sentimentos se juntassem na campanha eleitoral, unificando-se em volta de objetivos comuns. É compatível. Afinal, como dissemos, não é como em candidatura de emprego. Não deve haver concorrência e sim solidariedade, já que não se trata de proveito próprio e sim do famoso bem comum. Mas essa é só uma opinião pessoal.
Como montar uma Campanha Coletiva? Fácil.
Priorize pessoas – mulheres, principalmente – que já atuam em diversos coletivos, construam propostas conjuntas para todas áreas setoriais do Conselho de Cidadania, façam um folheto informativo com os nomes e uma breve apresentação de todas e com aquilo que as une (a defesa de objetivos comuns, dizendo quais são estes). Daí, promovam uma live divulgativa, além de um encontro presencial com a comunidade. Por fim, façam uma lista de lideranças comunitárias e pessoas expressivas que as apoiem, num manifesto de apoio bem bonito. Pronto. Mas, lembre-se: esta é só uma opinião.
Será possível votar online, de 19 a 26 de junho, e cada pessoa poderá votar em até 18 nomes.
Por isso, uma lista de candidatura coletiva e unitária já ajuda e até facilita pra quem quiser votar -em tantos nomes bons – numa proposta coerente, forte e com exitoso sentido de união.
Se já deu certo em outros países, não tem como não dar certo aqui também.
Aquele abraço.
Ex vicepresidente do CRBE, ex Consultor da UNESCO, da OIM, da FAO, e do Ministerio da Cultura (de Gilberto Gil). Indicado para a Ordem do Mérito Cultural e ganhador da Ordem do Rio Branco, sem baixar a cabeça pra seu ninguém.
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Nota: Os textos, citações e opiniões deste texto podem não expressar – no todo ou em parte, a opinião dos Coletivos da Fibra.