Odoyà. É Dois. É fevereiro. É Iemanjá.

Por Flávio Carvalho

Foto: José Luiz Bernardes Ribeiro

Eu fiz um poema
Na praia, serena,
Pra mãe, Iemanjá.

Eu fui na Jurema,
Valeu minha pena,
Rainha do Mar.

A Deusa dos Rios,
De todo o Brasil,
Do meu fevereiro,
Depois do primeiro,
É ela, o meu mar.

(FC)

A Santa Padroeira da Catalunha, onde eu moro, é preta. A Virgem de Montserrat.

A Santa Padroeira do Brasil é preta – Nossa Senhora Aparecida. Inventaram que “apareceu” dentro de um rio e por isso a madeira na qual foi esculpida ficou preta (estória igual que a de Montserrat).

A Rainha das Divindades afro-brasileiras, Iemanjá, assumida, mantida, resistida, às custas do sangue escravo, escondido, ameaçado, sequestrado, estuprado e assassinado… foi embranquecida. Chegaram ao cúmulo de tentar embranquecer Iemanjá.

Te estranha? E qual a cor do (palestino?) Jesus Cristo?!

Inventaram que a branca rica, racista, bolsonarista, de Copacabana, vestida de linho branco, dando 3 saltinhos na praia, não somente lhe redime como lhe confere o direito de fazer 3 pedidos à divindade negra, Rainha do Mar.

No dia que a gente compreender como tentaram empurrar tudo isso dentro da gente, vomitaremos. E ainda tentarão nos jogar na nossa cara o quanto somos “desagradáveis”, esquecendo todos os desagrados do passado?

Não! É pior ainda. O Pior é que os tais “desagrados” não são passado. Estão presentes. E são jogados todos os dias na tua cara. Mas você, querendo ou sem querer, ainda finge que não vê.

Sabe porquê? Te beneficia.
E quanto mais você negue, mais te beneficiará.

Marx ressuscitará no Brasil, na Bahia. E escreverá um novo livro, depois do O Capital. Chamar-se-á… A Escravidão.

O Brasil tem jeito. E esse jeito passa, impreterivelmente, por aqui.

“Deusa da nação de Egbé, nação esta Iorubá onde existe o rio Yemojá (Yemanjá). No Brasil, rainha das águas e mares. Orixá muito respeitada e cultuada é tida como mãe de quase todos os Orixás Iorubanos, enquanto a maternidade dos Orixás Daomeanos é atribuída a Nanã. Por isso à ela também pertence a fecundidade. É protetora dos pescadores e jangadeiros” (CEBI, Brasil).

Odôiyá, Odô Fiaba.

Barcelona, 2 de fevereiro de 2021.
Dia da Candelera, por aqui. Mas essa, já é ooooooutra história….

@1flaviocarvalho, sociólogo e escritor. @quixotemacunaima (siga-me, se quer mais)

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