Saiu do Brasil?

Medinho do Leão morder aquela poupança? 

Barcelona, 4 de novembro de 2025.

Por Flavio Carvalho.
@1flaviocarvalho, sociólogo

“Gosto de ficar ao Sol, Leãozinho”
(Caetano Veloso) 

Screenshot

Os algoritmos das pessoas brasileiras que vivem no exterior foram invadidos nos últimos dias por uma nova forma de terrorismo político com base em fake news

Para entender de forma ágil o que lerá em seguida, acesse este vídeo:

https://www.instagram.com/reel/DQnBEsMDAUS/?igsh=NzNndnNkY3lqYjl0

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Acompanhei, recentemente, algo assustador. Uma enxurrada de pessoas perguntando aos organismos públicos pela urgência de fazer a Declaração de Saída Definitiva do Brasil, de forma virtual, na Receita Federal. 

Analisei o fenômeno e não foi difícil encontrar as causas, propositadamente inventadas, na maioria dos casos (não na sua totalidade, como veremos neste breve texto). 

Razões políticas, evidentemente. 

A Reforma Tributária do atual governo brasileiro desagradou a oposição fascista, defensora dos milionários (que os patrocina). Seguindo o terrorismo político brasileiro, extensivo aos que moram fora do país, as redes se inundaram de notícias que diziam que o governo “comunista” iria tomar parte da sua casa na periferia, confiscar as galinhas que você tem no quintal e fechar a igreja (isso, nada a ver; mas também entrou no pacote das fakes). Pessoas empobrecidas por aquela mesma política (os famosos Analfabetos Políticos, ou nem tanto) passaram a se preocupar pela ameaça aos ricos. Aqueles que deixarão de pagar zero imposto por seus helicópteros e jet-skis. 

Não é difícil perceber o quanto isso “contaminou” o terrorismo político sobre a Receita Federal, que soltou uma nova (pois, infelizmente, não foi a primeira vez) nota pública nesta semana, desmentindo: está mantida a legislação sobre esse assunto; desde o ano 2002; não havendo, portanto, nenhuma novidade ou significativa alteração. 

Mas, então, porque tantas empresas e profissionais dedicados a isso (serviços privados para ajudar brasileiros no exterior a enfrentar toda a burocracia de migrar) passaram a noticiar, como se houvesse uma urgente mudança e ameaça sem precedentes?

Também pesquisei e encontrei algo interessante. 

Ainda antes do governo fascista, a Receita Federal iniciou o enfrentamento de um desafio tão grande como aumentar o imposto dos milionários (e diminuir a carga tributária dos mais pobres): aumentar a fiscalização dos milionários. Principalmente das grandes fortunas. E, assim, cruzando dados por meio de sofisticadas tecnologias usadas, com experiência pública, por outros governos, dedicaram-se seis anos para buscar o que tecnicamente se chama evasão de divisas. Sonegação fiscal de grandes investimentos por meio de contas opacas em paraísos fiscais. Em resumo, dinheiro de gente muito rica que, ilegalmente, não chegaria jamais a quem passa fome. Roubar dos famintos para dar aos grandes empresários brasileiros que moram na Suíça, por exemplo (para usar uma linguagem ainda mais popular). 

Insisto que é um debate político, estrutural, sobre concepção de Estado e projeto de país. Um projeto político de sociedade e de consciência sobre o Bem Público, e não meramente um debate técnico. Um projeto construído por meio de diminuir ou eliminar desigualdade social. Ou você acha mesmo que tudo isso era por causa do aluguel do apartamentinho de quarto e sala na periferia? Ou por medo de tributarem aquela aposentadoria por salário mínimo que você tem no interior do Brasil? 

Eu não estou dizendo que isso não deva ou nem possa acontecer. Esse texto trata de Fazer a Coisa Certa. Ou, simplesmente, não a fazer. Mas não se trata de desinformação. Todo o contrário. 

O terceiro e definitivo elemento é mais evidente ainda. 

Migrar é somar o enfrentamento de burocracias. Quando você estava no Brasil, pensava que já tinha suficiente e já estava de saco cheio. Daí, então, por decisão própria, VOCÊ decidiu a vantagem de “ampliar fronteiras”. Isso acarreta a desvantagem (ônus e bônus, lado bom e lado não tão bom) de lidar, obrigatoriamente (porque assim VOCÊ escolheu; se não foi o caso de ter sido Obrigada a migrar) com duas burocracias, em outro idioma, adicionando xenofobia e racismo, etc. 

No enfrentamento desse novo desafio, encontrará dois tipos de apoios. 

O primeiro são as associações, coletivos, projetos sociais, conselhos comunitários, sem finalidades de lucro, sejam estes brasileiros ou não. Aquelas pessoas e grupos que dedicam tempo voluntário para ajudar, com o caminho das pedras, “a quem veio depois de mim”.

O segundo, divide-se em A e B. O A são profissionais qualificados, éticos, devidamente cadastrados e com titularidade reconhecida nos organismos públicos, com tabela de preços transparente e sem “jeitinho”. O B é o oposto disso.

Agora, responda, por favor, você mesmo, para encerrar esse breve texto de utilidade pública:

Quem você acha que foram os principais responsáveis por divulgar as fake news fascistas que obrigaram a Receita Federal a perder seu precioso tempo mais corrigindo isso do que dedicando-se a ajudar as pessoas que preferem fazer tudo bem feito, com tempo e Dentro da Lei?

Nesta Live, encontrará mais informação de utilidade pública e, entre outros assuntos, abordagem completa sobre esta (falsa) polêmica:
Viajar e viver na Espanha
 https://www.instagram.com/abrascat_/reel/DPs9E30CPgc/

PS. Definitivo mesmo, só a morte. E não haverá o menor problema de voltar a fazer sua declaração de Imposto de Renda no Brasil, se for o seu caso. Importante acabar dizendo que “Despachante” (lembra aqueles, na porta do DETRAN, no Brasil?) é aquela pessoa que se vale da sua desinformação ou inexperiência para pregar terror e cobrar o dinheiro que você não tem para fazer, ele (que entende porque o faz, todo dia) que não faz outra coisa senão fazer aquilo que você mesmo, se soubesse ou buscando conhecimento poderia já fazer. Faz 20 anos que propomos ao Nosso Governo para nos escutar sobre isso e lidar com esse fenômeno que não vai acabar da noite pro dia, principalmente cobrindo déficits e brechas do atendimento ao público (que, sim, existe e eu os posso comprovar, se quiser). Para tudo o que não encontrar nesse texto, procure apoio, da melhor forma que aqui vos foi apresentada. E não esqueça daquele clichê: você pode sair do Brasil, mas ele Jamais sairá de você! 

Assista a videoconferência sobre esse assunto, compartilhada pelas redes da www.fibrainternacional.org

Aquele abraço. 

Flavio Carvalho


Nota: Os textos, citações e opiniões deste texto podem não expressar – no todo ou em parte, a opinião dos Coletivos da Fibra.

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