Por Patrícia Cassimiro
Essa semana a mídia internacional relatou a prisão de um rapper catalão, Pablo Hásel. Além da mídia, o tema também levou para rua centenas de pessoas que protestaram contra a detenção do artista e a lei da mordaça.
Mas, por que foi preso o cantor? Hásel foi preso por injúria à monarquia e glorificação do terrorismo. A prisão ocorreu na última sexta (12), Pablo Hasél estava em uma universidade da cidade de Lérida, junto com vários alunos que protestavam contra a liberdade de expressão. Depois de cinco dias, sem maiores problemas a polícia entrou e mesmo com 50 alunos manifestantes e ele foi detido pelos Mossos de Esquadra (polícia regional catalã) e levado à prisão, condenado a nove meses, por causa de letras de músicas e de mensagens publicadas no Twitter, onde teria cometido esses dois crimes.
Nesta segunda-feira, a Audiência Nacional Espanhola voltou a rejeitar a suspensão da execução da pena de prisão do cantor, lembrando que em 2017 foi condenado por um crime de resistência ou desobediência à autoridade, e em 2018 por transgressão.
“Com este registro criminal seria absolutamente discriminatório em relação a outros criminosos, e também uma grave exceção individual na aplicação da lei, totalmente injustificada, a suspensão da execução da pena a este condenado”, argumentaram.
A Audiência Nacional acrescentou que “campanhas” a seu favor “não podem determinar a inaplicabilidade da lei atual, mas [apenas] a sua eventual modificação pelo Parlamento”.
O caso de Hásel também sensibilizou o mundo artístico, antes mesmo de ser preso, mais de 200 personalidades, incluindo o cineasta Pedro Almodóvar e o ator ganhador de Oscar Javier Bardem, assinaram um manifesto pedindo a libertação do rapeiro e a alteração da lei. No manifesto e a entrevistas a jornais espanhóis chegaram a afirmar:
“O Estado espanhol passou a encabeçar a lista de países que mais represálias lançaram contra artistas pelo conteúdo das suas canções. Agora, com a detenção de Pablo Hasél, o Estado espanhol está se equiparando a países como a Turquia ou Marrocos”, criticaram.
A sua condenação remonta de 2014 e 2016, quando publicou uma canção no YouTube e dezenas de mensagens no Twitter. O irônico de tudo, é que a notícia da sua prisão chega nos noticiários espanhóis, no mesmo dia onde são exibidas as imagens do Rei emérito, Juan Carlos, junto ao príncipe herdeiro dos Emirados Árabes, Mohamed Bin Zayed, desmentindo pela Casa Real os boatos que o estado de saúde do Rei era grave. Vale salientar que desde do ano passado, o Rei emérito está fora da Espanha, depois de ter surgido uma grande polêmica e investigações que estão sendo realizadas sobre suas finanças na Espanha e na Suíça. No centro do caso está uma suposta comissão de US$ 100 milhões recebida da Arábia Saudita. Finalizo com um desejo: Vida longa à Justiça!
Patrícia Cassemiro é brasileira, mora em Barcelona, na Espanha, é jornalista, ativista, participa do Brasil Ativo Press, Mulheres Brasileiras Contra o Facismo é colaboradora da Fibra.
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