A Fibra e os atos Fora Bolsonaro também no exterior.

Barcelona, 30.05.2021

Por Flávio Carvalho, para a FIBRA.
@1flaviocarvalho, @quixotemacunaima.

Os protestos de rua contra o Genocídio brasileiro e de denúncia dos atos criminosos do Governo Bolsonaro não ficarão na história somente pelas imagens impressionantes exibidas em toda a imprensa mundial. Não são apenas a volta dos movimentos sociais brasileiros às ruas de todo o país e nem somente a brutalidade da repressão policial ocorrida em Recife, que resumem o impacto da saída organizada dos protestos no Brasil. Foi um sábado marcante na agenda política nacional e ganhou repercussão internacional, sem sombra de dúvida.

Dezenas de coletivos representantes das comunidades brasileiras que vivem fora do país também ajudaram a realizar um forte trabalho de incidência política. Onde se percebe que a simples menção do nome do Presidente da República, gritado em qualquer principal cidade do exterior já está associada a uma ideia de Genocídio e, principalmente, de Ecocídio.

Alguns fatores são determinantes como a preocupação internacional com a destruição do meio-ambiente (a Amazônia e todo o seu poder vital) e das vidas que são perdidas nos crimes ambientais de Bolsonaro. Incluindo a dramática situação dos povos indígenas e de todas as comunidades tradicionais brasileiras – além do massacre racista do povo negro (a maioria da população). A capacidade de incidência de organizações e redes que articulam as comunidades brasileiras no exterior a partir da luta antifascista, nunca foi novidade. Ganhar uma pequena matéria em qualquer jornal europeu, por exemplo, é uma conquista comparada ao eco de repercussão na grande imprensa de um Brasil dominado pelos oligopólios da comunicação.

A novidade em tudo isso? A existência e o crescimento da Fibra, a Frente Internacional Brasileira contra o Golpe e pela Democracia. E a forma como consegue estabelecer sinergias entre ativistas e militantes, unidos por um objetivo comum, o Fora Bolsonaro Genocida – Urgente. Principalmente de forma virtual, mas agora também – devido ao número de países que já vacinaram parcela significativa da população e diminuir a incidência de contágios do Covid, no exterior – da melhor forma que sempre souberam fazer: ocupando as ruas e praças, gritando sua indignação e protestando em solidariedade aos amigos e familiares, mesmo de longe.

E tudo isso enfrentando sérias complexidades. Como sair às ruas e compatibilizar a responsabilidade de distanciamento social, medidas de prevenção sanitária e respeito à vida? Denunciando o falso moralismo de um bolsonarismo que não cumpre nada disso. Como exercer o direito de manifestação e liberdade de expressão em um mundo onde aumentaram as estratégias de controle social e criminalização do direito de manifestação? Com criativa rebeldia, e somando-se aos movimentos sociais locais. Pois cada vez mais se percebe o interesse e a participação não apenas de brasileiros, mas de ONGs, movimentos sociais e cidadãos de todo o mundo, somando-se aos nossos protestos no exterior.

Não são poucas as vezes em que a Fibra promove encontros virtuais de crescente repercussão nas redes e convida representantes dos movimentos sociais brasileiros para participar. O que acontece é que agora também recebemos convites de todo o Brasil. Havendo multiplicado em tão pouco tempo o número de seguidores da Fibra em todas as redes sociais é quase natural que hoje comemoramos o êxito também internacional do sábado histórico, o 29 de maio de 2021. E da forma que passamos a brevemente resumir, em seguida, em poucas linhas.

Em Amsterdam, como em outros países, os discursos não foram realizados somente em português, mas incluíram os idiomas e participantes locais. Na capital dos Países Baixos, o momento marcante foi durante a emotiva escuta dos depoimentos dos parentes e amigos das vidas perdidas pelo Covid – e pela necropolítica de Bolsonaro.

29M_Amsterdam/Damplein – Foto: Márcia Nunes

Em Paris, a famosa Place de la République (Praça da República) reuniu mais de duzentos participantes, incluindo a presença de famílias inteiras com crianças. O destaque foi a arte da convocatória, elaborada pela artista e filósofa, residente em Paris, Márcia Tiburi. Paris, mais que o simbolismo da importante capital, tem sido um ponto crucial na luta antifascista brasileira.

Em Lisboa, o ato convocado na Alameda de Dom Afonso Henriques contou com participação ativa do Coletivo Andorinha e reuniu mais de 400 pessoas (foto à direita), na cidade do Porto também houve manifestação (foto à esquerda). Um número que sempre impressiona, como em Paris, apesar de que já tem se demonstrado um costume: o grande êxito de participação. Lisboa seguirá como um exemplo de participação das comunidades brasileiras. Sempre!

Em Barcelona, uma centena de pessoas se reuniu na Font de Canaletes, tradicional ponto turístico onde se comemoram as vitórias do Futebol Clube Barcelona – situada no começo das Ramblas, ponto mais famoso do centro da cidade. Um par de atos somou-se, em unidade: havia manifestação também convocada por um grupo de mulheres brasileiras, e outra que estrategicamente vinculava o protesto dos trabalhadores dos Correios da Espanha com a luta sindical das trabalhadoras dos Correios brasileiros. Houve passeata e parada efusiva diante do Carrefour: racismo que não se esquece.

Em Palma de Mallorca, somando-se ao protesto dos movimentos sociais espanhóis que lutam por uma aposentadoria digna, a comunidade brasileira presente sabia que só teria a ganhar. Cerca de 30 brasileiras e brasileiros, além de apoiadores espanhóis, se reuniram na Plaza d’Espanha neste sábado, 29 de maio, para protestar contra a politica genocida de Jair Bolsonaro. A mobilização também repercutiu na mídia local. Essa estratégia solidária, demonstrando que a união faz a força, está impulsando um fator muito importante: a importância da luta antifascista brasileira somada às lutas mundiais em defesa da democracia, da liberdade de expressão e da vida, como um bem comum.

29M Palma de Maiorca
29M_Berlim – Foto: Suely Torres

Em Berlim, a imensa faixa contra Bolsonaro, estrategicamente situada, de forma belíssima, diante do majestoso Portal de Brandenburgo, foi uma das imagens que mais ganharam o mundo. Também por haver sido uma das primeiras, pois a comunidade brasileira em Berlim – como já vem acontecendo diante de várias embaixadas e consulados brasileiros – reuniu-se já na sexta-feira, dia 28, para protestar. Sem deixar de voltar às ruas no sábado, no centro turístico da capital alemã.

29M Londres – Foto: Democracy for BRASIL UK

Em Londres o ato se juntou à imensa marcha Kill the Bill– com batucada e tudo -, em pleno centro da capital do Reino. Com direito à transmissão ao vivo (como em outras cidades mencionadas), a inteligência das comunidades brasileiras participantes soube unificar um fato político local: o protesto contra as políticas de discriminação dos controles de segurança (controle social), associados à indignação pela política antidemocrática do genocida brasileiro.

29M Birmingham – Foto: Democracy for BRASIL UK

No mesmo momento em Centenary Square, centro de Birmingham Inglaterra, o Comitê de Lutas UK junto com Contramestre Mascote e Joyce Rodrigues Perez organizavam seus protestos. Brazilian Cultural Center Capoeira Cordão de Ouro Birmingham.

Na Bélgica, diante da Estação Central de Bruxelas, o ato, também com transmissão simultânea pelas redes sociais da Fibra, conseguiu um dos principais objetivos (além do grito indignado e uníssono contra Bolsonaro): prestar depoimentos à imprensa local muito interessada em saber o que realmente está acontecendo com o Brasil, o genocídio e o aumento do fascismo.

29M Bruxelas – Foto: Aline Yasmin
29M Montreal

No Canadá, o Coletivo Brasil-Montréal organizou o ato Povo na Rua, com meia centena de pessoas da comunidade brasileira, diante da icônica estátua de George-Étienne Cartier. Lá, o protestou somou-se à manifestação da comunidade colombiana emigrada ao Canadá. Uma tendência que certamente se replicará nas próximas manifestações, que estão sendo articuladas também entre a comunidade latino-americana residente no Canadá, Europa e outros lugares do mundo. Cenas dos próximos capítulos. Ninguém perde por esperar…

Sábado, 5 de junho de 2021, Dia Mundial do Meio-Ambiente, quem acha que não voltaremos às ruas – que sempre foram nossas? Com absoluto respeito e responsabilidade, evidentemente.

Não é pouco destacar, enfim, que em todas essas cidades mundiais, inclusive Buenos Aires, Zürich, Genebra, Nova York, Montevideo, Vancouver, Madri, Oxford, Dublin e em algumas cidades italianas (onde foi realizado, inclusive, um Flashmob contra Bolsonaro), entre tantas outras, há que felicitar centenas de participantes da comunidade brasileira. As imagens, belíssimas, poderão ser vistas e compartilhadas em todas as redes sociais da Fibra (consulte nossa página web).

Nas fotos acima vemos registros de Madrid, Montevidéu, Genebra, Nova Yorque e Vancouver (na ordem). A lista de atos no exterior é longa e nos faltam imagens para mostrar a garra de tanta gente envolvida neste dia em solidariedade ao povo brasileiro reverencio aqui as que sei (mesmo sem fotos): Barcelona, Berlim, Palma de Maiorca, Montreal, Amsterdam, Buenos Aires, Zürich, Genebra, Nova York, Londres, Montevideo, Vancouver, Italia (flashmob), Madrid, Oxford e Dublin, e agradeço aos que ainda vou saber, por que as imagens não param de chegar!

Este texto, como uma breve compilação de dados (escrito sob uma visão pessoal, de organizador e participante nas ruas), sabe que comete uma injustiça com as diversas outras cidades do mundo onde se realizaram manifestações de Fora Bolsonaro. Porém, de fato, o mais importante é a alegria e revolta, presente no êxito de cada comunidade brasileira, em cada cidade do mundo, com seu cartaz e sua emoção: esteja onde estivermos, seguiremos gritando.

Quanto mais longe e mais tempo fora do nosso país, mais sentiremos o Brasil dentro de nós.

Flávio Carvalho, sociólogo e escritor, é integrante da Fibra e coordena o Coletivo Brasil Catalunya.

SIGA A FIBRA, em todas as nossas redes sociais. E saiba das próximas manifestações.

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