Por Patrícia Cassemiro
Atenção! Escrevo este artigo para que seja compartilhado com aquele parente, amigo ou colega seu que ainda se deixa confundir com uma das táticas de marketing político, qual seja de utilizar Deus e tocar os eleitores através da fé.
Valeu à pena conhecer o teólogo, professor e escritor Juan José Tamayo, criador do termo CRISTONEOFACISMO, enquanto dava aulas no Brasil. O neologismo procura mostrar como a extrema direita, se alia ao fundamentalismo de setores de algumas igrejas para pregar a ordem e a fé a fim de conseguir votos nas urnas. Tamayo utilizou esse termo pela primeira vez durante uma de suas aulas no Brasil fazendo regência diretamente ao presidente Bolsonaro que citava termos teológicos em seus discursos políticos. O professor Juan José inspirou-se em um termo similar criado pela escritora e teóloga evangélica alemã, Dorothee Sölle que qualificou de “cristofascismo” a legitimação e apoio da ideologia nazista por setores conservadores evangélicos e da igreja católica na Alemanha. Tamayo explica que seu termo retrata as novas alianças principalmente com políticos de extrema direita. Ele lembra como a igreja católica deu apoio à ditadura de Franco na Espanha e aponta o perigo do retorno da prática utilizada neste momento por alguns grupos políticos espanhóis.
O fascismo e a religião são dois fenômenos que caminharam entrelaçados na história de muitos países, a exemplo da Áustria, Itália, Espanha e Alemanha. Em meados do século XX, não faltaram governos de extrema direita a transformarem-se em ditaduras explícitas. À época vários desses países viveram sob um Estado totalmente respaldado pela visão conservadora de igrejas evangélicas ou da igreja Católica e seus jogos de poder. Na Alemanha, o nazismo de Hitler e aqui na Espanha, o franquismo.
Infelizmente, estamos assistindo o ressurgimento desse casamento perigoso no Brasil.
Juan José Tamayo lembra que a prática foi utilizada no governo Trump, e hoje, países como Itália, Polônia e Hungria, bem como em vários da América Latina, o uso se repete. Atrás desse discurso, escondem-se políticas sociais excludentes e a xenofobia, que cerceiam liberdades pessoais e investem na ignorância como apoio. Nada poderia estar mais afastado da Palavra de Deus e do exemplo da vida do próprio Jesus Cristo!
O aumento de assassinatos, da pobreza e das desigualdades sociais colocam em evidência o uso criminoso do Nome de Deus. Então, cuidado com quem usa e coloca até joelhos no chão pregando um discurso produzido para enganar. Cuidado meus irmãos, Deus só existe um. Cuidado com os falsos “Messias”!
E para quem preza o conhecimento e o valor da Igualdade sabe da importância de termos um governo laico.
Patrícia Cassemiro
Jornalista, ativista e estudante de psicologia, para o site da FIBRA.
P.s: Professor Juan José Tamayo tem vários livros publicados. Fica como sugestão de leitura o título: La internacional del Ódio.