Viva Margareth. Acorda, Zé!

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Por Flávio Carvalho, para o site da FIBRA.
@1flaviocarvalho, @amaconaima, sociólogo e escritor, residente em Barcelona.

Barcelona, 07 de março de 2024.

“E não te ensino a minha malandragem.
Nem tão pouco minha filosofia, porquê?
Quem dá luz a cego é bengala branca em Santa Luzia.”
(Ilê Ayê – Gilberto Gil)

O Brasil aprovou hoje importantíssima política cultural para o nosso país, “lá dentro”.

Motivo de imenso e sincero orgulho. 8 anos depois, o Brasil segue ignorando absolutamente (governo após governo, inclusive os de esquerda), “aqui fora”, a inexistência de qualquer política cultural para milhões de brasileiros no exterior que não passe exclusivamente (e excludentemente) pelos recursos financeiros (sequer sabemos quanto e como) decididos unicamente pelas representações diplomáticas.

É compatível, ou deveria ser, reivindicar – com veemência – depois de tantos anos, sem baixar a cabeça por medo de perder as migalhas. Que eu sei que te fariam falta esses 50 ou 100 eurinhos de merda que consegues por ser amiguinho do rei de plantão. O que deverias saber é quanto de passagem aérea, aquele hotelzão maneiro e os cachês pagos com dinheiro público, nosso, ainda faz falta que te cobrem 20 euros de entrada, por cabeça – se não estás na velha panela aquela que distribui convites entre “nós mesmos”.

Garçonete em Londres? Coitada. Nem pagando nem convidada poderás participar da festa … Teu horário nem permite, né? Mas, pagastes tu. Sabias?

O rei está nu.

O Sistema Nacional de Cultura não quer saber de nós. Afinal, o Brasil nem tem “culpa” de não saber que existimos e que nem todo artista popular no exterior é filhinho de papai equipado com equipamento moderno no alto da Torre Eiffel. Num governo de esquerda, exigir (no minimo) transparência e participação popular nas decisões não deveria jamais ser considerado crítica destrutiva. Construir também se faz dizendo Não.

Consciência crítica é alimento de democracia.
Viva Paulo Freire!
Consciência é luta!
O resto é privilégio. E Hipocrisia.

Viva o nosso governo. Sim.
Acorda, comunidade. Também.

Margareth Menezes, Ministra da Cultura em entrevista ao programa Brasil em Pauta, da Empresa Brasil de Comunicação (EBC).
Foto: Filipe Araújo/ MinC

Acompanhemos todos, com esperança, os resultados finais da Conferência Nacional de Cultura, afinal está sendo um grande avanço para a diversidade cultural no Brasil. Merece!

Fique atenta, ao mesmo tempo, artista brasileira no exterior para mais uma oportunidade que não deveria ser perdida por nós. Depois que esse trem passar, quantos mais 8 ou 10 anos esperar? E siga o FICBR – Fórum Internacional de Cultura Brasileira na Europa, movimento inédito e de maravilhosas expectativas para a cultura brasileira no exterior. Eu participo.

E recomendo. E cobro. Como veem. É meu (também) esse governo. Ninguém solta o violão de ninguém!

A luta antifascista exigirá de nós, com a mesma ênfase, sempre: um olho no culto e outro no pastor. Consciência, discernimento e coerência. O pior cego, o que não quer ver, morre de medo de colírio. Use óculos escuros. É bom pra luz.

Aquele abraço.

Flavio Carvalho
Ex vicepresidente do CRBE, ex Consultor da UNESCO, da OIM, da FAO, e do Ministerio da Cultura (de Gilberto Gil). Indicado para a Ordem do Mérito Cultural e ganhador da Ordem do Rio Branco, sem baixar a cabeça pra seu ninguém.


Twitter e Instagram: @1flaviocarvalho
Facebook: @quixotemacunaima | @amaconaima

#maconaima #quixotemacunaima

Nota: Os textos, citações e opiniões deste texto podem não expressar – no todo ou em parte, a opinião dos Coletivos da Fibra.

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