Flávio Carvalho, de Barcelona para o site da Fibra.
29 de Janeiro de 2022.

Linn da Quebrada sabia onde estava entrando. Ela sabe que entrar naquela casa da Rede Bobo é algo tão absurdamente arriscado quanto o simples ato de qualquer trans sair às ruas do seu próprio país, governado por um nazifascista. Porém, ela é tão consciente das oportunidades que está dando aula de direitos humanos no BBB, dando visibildade nacional, às falas de uma trans, na mais importante emissora de TV e em todas as redes sociais do Brasil. Tanto quanto ela sabe que as ruas também são dela e que ela não pode (nem deve, nem vai, jamais) condenar-se à invisibilidade.
Por essas e outras, hoje é o dia da Visibilidade Trans no Brasil.
A Fibra é uma frente internacional desenvolvida por brasileiras e brasileiros e brasileires no exterior para, desde aqui, aumentar a resistência contra a ameaça à democracia, no nosso país.
Datas cívicas são tão importantes para nós, quanto as datas de lutas pautadas pelos movimentos sociais brasileiros.
Por isso, não deixaríamos de realizar uma live aberta, solidária, especial, no Dia da Visibilidade Trans. Porque assim como racismo não é “coisa de negros”, feminismo tem a ver principalmente por atitudes de homens, a defesa ecológica da Amazônia não deve ser sobrecarregada somente aos povos indígenas, homofobia não é coisa de gays e a luta contra as transfobias não é uma luta que deve ser assumida somente pelas trans. Mexeu com uma mexeu com todas. E todos. E todes.
Dominy Martins tem 22 anos e é um homem trans, empreendedor social, Mister Nordeste Trans 2021 e é facilitador de atividades sobre a temática trans.
Vida Victória, estudante de Serviço Social, também tem 22 anos e é uma mulher trans, de Fortaleza.
Majú Gomes se autodefine como uma travesti negra periférica.
Linda Brasil, Robeyoncé Lima, Amanda Araújo, Mar Cambrollé, são nomes importantes do ativismo contra a transfobia em vários países. Em contato com a Fibra ou participando de atividades diversas não fizeram desta luta uma luta de um dia só, como hoje.
Assistam o Programa Especial Vozes de Fibra, neste dia 29 de janeiro. Produzido conjuntamente com Mães da Resistência, no Brasil e internacionalmente.
E assuma esta luta cada vez mais como sua. Como nossa.
Não somente hoje. Mas hoje, principalmente, também.
Serei-A (por Linn da Quebrada, com participação especial da Liniker):
“Serei A do asfalto.
Rainha do luar.
Entrega o seu corpo.
Somente a quem possa carregar.
E, onde (h)á-mar, transbordar.
Em água salgada lavar.
E me levar.
Livre, me love, me luta.
Mas não se esqueça.
Levante a cabeça.
Aconteça o que aconteça.
Continue a navegar.
Aconteça o que aconteça: Aconteça!
Continue a navegar.
Continue a travecar.
Continue a atravessar.
Continue a travecar.
E deixa que lave.
Que leve, que livre.
Que love, que lute!”
Acesse as mídias de Flávio Carvalho:
Twitter e Instagram: @1flaviocarvalho
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Nota: Os textos, citações, e opiniões são fornecidos pelo autor, sendo de sua exclusiva responsabilidade, e podem não expressar – no todo ou em parte, a opinião dos Coletivos da Fibra.