A escolha é fácil, muito fácil. Antes que seja tarde demais!

Por Namir Martins, para o site da Fibra.

Frankfurt, 19 de março de 2022.

Ficamos chocados e entristecidos com as notícias vindas do Brasil. A carestia, a fome, o desemprego, o rascismo, a violência contra as minorias, o abandono da população mais necessitada, a falta de perspectiva para muitos jovens são alguns dos temas com os quais nos confrontamos diariamente. Desta vez, relato uma experiência pessoal. Como sempre, aproveito o tempo que levo de trem até o trabalho para fazer minhas reflexões e gostaria de compartilhar com vocês.

Recebi de minha irmã, que mora em Belém do Pará, alguns dias atrás, um recibo de uma compra de supermercado, onde ela acrescentou a frase FORA BOLSONARO. Minha irmã é funcionária pública, dá aulas na Universidade e mora com seus dois filhos na bela cidade das mangueiras. Na foto recebida por mensagem, constava a data de 12.05.2022 onde o preço de um quilo de carne custava exatamente R$ 44,98. É importante lembrar que o salário mínimo foi fixado em R$1.212,00 a partir de janeiro de 2022, sabemos também que cerca de 30,2 milhões de brasileiros sobrevivem com até um salário mínimo. Este número bateu um recorde, de acordo com estudos da consultoria IDados, tendo como base os indicadores da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad).

Existem famílias numerosas onde somente uma pessoa trabalha e a família toda vive com um salário mínimo. O consumo de carne sumiu da mesa do brasileiro. Lembra que durante o governo do Partido dos Trabalhadores (PT) os brasileiros faziam churrasco no final de semana? Hoje, uma porcentagem enorme da população não sabe se vai conseguir se alimentar no dia seguinte! Enquanto isso, Bolsonaro e sua corja gastam uma fortuna em picanhas e outras iguarias acompanhadas com vinhos importados e uísque. Quanto cinismo!

É por isso que vemos hoje crianças, homens e mulheres nas filas de instituições para receber um prato de comida, que será talvez a única refeição do dia. Nos cruzamentos e semáforos há sempre alguém tentando vender alguma coisa ou pedindo uns trocados.

Atualmente com a chamada cesta básica, é praticamente impossível alimentar uma família, já que seu conteúdo só consegue atender uma família de até quatro pessoas por no máximo dez dias. Mas, o que fazer com uma família de dez pessoas? Precisariam comprar no mínimo mais três cestas básicas. Mas, com que dinheiro? A cesta básica mais cara é a de São Paulo custando R$ 715,65, seguida da de Florianópolis (R$ 707, 56), Rio de Janeiro (R$ 697, 37) e Porto Alegre (R$ 695,91). Lembrando que uma cesta básica contém apenas produtos de higiene, como papel higiênico e sabonete, e alimentos básicos, entre eles 1 kg de sal, 5 kg de açucar, 5 kg de arroz e 1 kg de feijão.

A miséria e a fome voltaram como um fantasma a ameaçar os lares de muitos brasileiros. Então me veio à cabeça aquela música dos Titãs que dizia: “Deus, é em nome da fome que eu roubava!”. A qual os “homens de bem” provavelmente responderiam: “bandido bom é bandido morto!” Me refiro a esses mesmos homens de bem, que tiveram de fazer “uma escolha difícil” na eleição passada. Não podemos esquecer do que eles propagavam: “é só tirar a Dilma que o Brasil será um paraíso!”

E o que vemos hoje é um país arrasado, desgovernado, destruído. Naturalmente, não para o 1% que faz parte da elite brasileira, elite podre, exploradora, canalha, oportunista, que odeia pobre, preto e favelado. Para esses, o golpe, esta farsa que destituiu uma Presidenta honesta, deu muito certo. Aumentaram ainda mais seus patrimônios.

De acordo com o World Inequality Lab, em seu relatório de dezembro de 2021 – World Inequality Report 2022, no Brasil, “os 10% mais ricos ganham 30 vezes mais do que os 50% mais pobres”, isso reforça a conclusão relatório sobre riqueza global do Banco Credit Suisse (2021) que coloca o Brasil no pódio do país mais desigual do mundo! (fonte: CNN Brasil)

Simplesmente inacreditável!

Continuarão a achar uma escolha muito difícil quando forem escolher seu candidato nas eleições de outubro?

Para a versão em alemão clique aqui.


Namir Martins é membra da Fibra e do Coletivo Desmascarando o Bolsonaro Já! , na Alemanha.

Nota: Os textos, citações, e opiniões são fornecidos pela autora, sendo de sua exclusiva responsabilidade, e podem não expressar – no todo ou em parte, a opinião dos Coletivos da Fibra.

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