Tudo o que não precisamos, no PT, exatamente agora.

Barcelona, 19 de fevereiro de 2025.

Por Flavio Carvalho, sociólogo e escritor.
@1flaviocarvalho

“Eu vou fazer o que eu gosto.
Atrás da curva do perigo
existe alguma coisa
bem mais nova e menos triste”
(Raul Seixas, A verdade sobre a nostalgia).

1. Mais misoginia (também de esquerda) contra Janja. Esquerdomachos botando pra fora tudo o que nunca nem sonhou em ser (nem o querem de fato que seja, jamais) desconstruído.

Screenshot

2. Decisões importantes aprovadas por um Diretório Nacional, por meio do Rolo Compressor, de Tratorada, sem suficiente debate (na base, principalmente). Nunca se tratou, afinal, de 2 votinhos a mais ou a menos no DN, e sim na qualidade (ou ausência) do debate necessário sobre questões importantíssimas para a atual conjuntura política. Por exemplo: existe cálculo eleitoral, de tempo sobre “o” Quando seria o momento político ideal pra que o Estado brasileiro atue, definitivamente, para a prisão de Bolsonazi? Ou querem que acreditemos que se trata somente do “tempo judicial”, de que o processo corra normalmente, com fluidez, sem manobras eleitoreiras (nem medo de despertar, nas ruas, o Ovo da Serpente), pra que esse desgraçado vá de vez pra prisão?

3. Puxa-saquismo com base em indicadores econômicos (unicórnios coloridos, fabricados entre a Fundação Getúlio Vargas e marqueteiros; tentativas de empurrar goela abaixo para militância, no mínimo, desanimada e reclamando “outro tipo de atenção”). Chuva de Índices Estatísticos que, embora reflitam o que deve ser (A Verdade científica, incontestável), esses não chegam a quem mais interessa: ao povo nas ruas. Ou chegam, os tais unicórnios, daquela forma insossa, sem tocar no dolorido coração. Por exemplo: cresceu o emprego. Cresceu como, mais precário, e pra quem?

4. Não necessitamos de mais convencimento entre nós mesmos, por favor. Deixem de ficar mandando material de pré-campanha antecipada somente pelas redes sociais de quem já é simpatizante ou filiado, chegando repetidas vezes às mesmas pessoas. Transformem todo esse tempo em convencer quem ainda não está convencido. Levante do sofá confortável e vá pra rua, como se fazia antigamente (e ainda funciona). Dediquem menos tempo aos grupos de zap petistas, e mais para ler Frei Betto, e seus escritos de Formação de Base (dele e do Ademar Bogo, do MST; e da Perseu Abramo), onde tudo já está dito, por favor.

5. Botar a culpa na comunicação (o veículo) quando o problema está no motor de arranque do carro (na política). Cortar a cabeça de assessoria de imprensa nunca foi mais eficiente do que fazer política eficiente, de verdade. Não atirem no mensageiro. Tenham coragem de exigir do Político e não de onde a corda sempre arrebenta mais fácil: no coitado do assessor.

6. Evitemos, fujamos, do velho medinho. Medinho do que vai dizer O Estadão, o Centrão ou os golpistas pelas redes sociais olavistas. Com medo de ser feliz? Se enxergue, rapaz!

7. Raivinha besta que confunda quem faz a crítica construtiva (sempre necessária. Ou não?) com quem se aproveita disso somente pro seu próprio engajamento de seguidores (em redes sociais cada vez mais Muskistas). É tão fácil identificar e separar um e outro… Gado? É do outro lado.

8. Desequilíbrio entre todo o respeito à biografia de Lula e, ao mesmo tempo, querer o seu bem antes de tudo, com qualidade de vida, ao que ainda tem e terá de vida pela frente. Mesmo o melhor estadista em nível mundial tem todo o direito de se aposentar como (bem) merece. Até mesmo nos brindando com mais tempo livre de leitura, escrita (sim, é muito capaz!), reflexão, tempo livre, ócio criativo, fazer conferências em vários países (ao estilo do que fez Mandela pelo mundo inteiro) e churrasquinho com os amigos mais queridos (aqueles que mais reclamam de algo saudável e positivo, chamado Saudade dos velhos tempos…). Senão, o Kakay chorará na Falha de São Paulo.

9. Evitemos vazajatamento “amigo”, utilizando até mesmo a imprensa golpista. Já basta o PCO.

10. Essa bobagem inventada em laboratório norte-americano de chamar tudo o que ameaça psicanaliticamente o próprio privilégio com um único nome: Identitarismo. Já não cola. Tá todo mundo vendo e só você não percebeu? Tá com medo, cara-pálida? De perder o quê? Assume, pôrra! Ou, pelo menos, te analisa. Em vez de ficar pegando pra Bode Expiatório quem já levou porrada da vida, a vida toda. Principalmente dos fascistas. Até tu, Brutus?

11. Candidato homem branco hétero do Sudeste Maravilha com discurso e currículo político lindo, indicado em caros e exclusivos jantares pra substituir A Mulher (Gleisi) que segurou as pontas do Partido durante aquela tempestade, quando o pau comia lá fora. Leia o ponto 1, sobre a Janja e quebremos esse círculo vicioso pelamordedeus. O país agradece. O petista, aqui, também.

12. Guerrinha de bonés, igualmente horríveis. Sem mais comentários.

13. Demonizar campeões de crescimento de audiência grátis no You Tube (“aquela Drag, aquele preto, nordestino, periférico”…) porque dizem coisinhas que seus blindados ouvidinhos exatamente merecem, mas não gostam de escutar. Viva Mainha, que dizia que remédio que arde e é amargo até pode curar melhor (e mais rápido). Pois não se trata somente do Objetivo Final, de para onde vamos. A Ditadura falava em fazer o bolo crescer, pra só depois… Mas, também, se trata dO Ritmo em que isso chega realmente a acontecer. Até porque nesse ritmo imposto pelo conformismo, pelo cuidadinho medroso de perder voto pra fascista e pelo que você é incapaz de admitir pra você mesmo, não dá pra esperar.

Periférico, nordestino, preto, drag, trans… estarão mortinhos. Isso, não!

Aquele abraço.


Nota: Os textos, citações e opiniões deste texto podem não expressar – no todo ou em parte, a opinião dos Coletivos da Fibra.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Translate »