Europa ajoelhada?

Amsterdam, 15 de fevereiro de 2025.

Por Luíza Monteiro, para o site da Fibra
@luiza.monteiro

Screenshot

Pensei que meu inglês estava decaindo, porque as palavras não faziam sentido. Até que vi líderes europeus se pronunciarem. O problema não era minha compreensão. Eram as incompreensíveis palavras do Vice-Presidente dos EUA no discurso proferido na Conferência de Defesa em Munique, em fevereiro.

O sr. Vance, ao invés de trazer uma teoria, uma declaração pública da nova administração republicana na Casa Branca no tocante à defesa e, por consequência, na OTAN, veio ele com ideias de que o maior perigo a ameaçar a Europa era o inimigo interno. Hum? Como? O vice-presidente como que puxou a orelha dos europeus por não terem a mesma visão de liberdade que têm os estadunidenses, por exemplo onde suásticas são possíveis de ser carregadas publicamente. As ideias sobre aborto, sobre gênero, sobre liberdade e um punhado de outros temas, mostram que o sr. Vance não gosta da forma como os europeus as têm em conta. Pior, fez uma clara defesa de Musk e sua fúria de usar redes sociais para influir em eleições, tendo como contraposição a fúria juvenil e legítima de Greta Thunberg.

 Os aplausos foram diminuindo e, claro, ficou, no ar uma dúvida, seria a política de defesa se ajoelhar ao credo ideológico daquele senhor? Se for, Europa teria que deixar de ser diversa, livre e moderna para se agachar e, quem sabe, rezar por outro senhor ou rei a lhe mandar.

Bizarrices à parte, que aposta infeliz deste club de países ao seguir o gigante do outro lado do Atlântico. Agora é tarde, já estão embarcados num barco rumo ao passado com um comandante que reza muito, mas sabe pouco como navegar. Enterrando recursos na OTAN, só lhe cabe abrir outra frente militar para usar mais recursos ainda, desta vez, quiçá, guiados por seus próprios interesses, sem ter que cutucar onça por ordem de quem fica atrás e diz o que fazer.


Nota: Os textos, citações e opiniões deste texto podem não expressar – no todo ou em parte, a opinião dos Coletivos da Fibra.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Translate »