Amsterdam, 07 de março de 2025.
Por Luíza Monteiro, para o site da Fibra
@luiza.monteiro
O Carnaval mais cinematográfico do mundo. Sem dúvida. Desta vez não pelas plumas, paillettes, extraordinários carros alegóricos, corpos sensuais e samba no pé. Mas pela comunhão nacional explosiva de celebrar um prêmio único e singular: o Oscar de melhor filme estrangeiro para “Ainda Estou Aqui”.

Talvez o filme ganhe um outro prêmio, o contabilista Guiness o registre como maior número de pessoas a celebrá-lo. Nunca o prêmio Oscar foi tão chacoalhado, gritado, festejado no planeta por multidões, dando-lhe um caráter popular nunca visto como foi o prêmio do filme de Walter Salles. Algo retumbante, muito além das salas de exibição. Comemorado em todos os blocos, troças carnavalescas, boneco de Olinda e, provavelmente, em breve, enredo de escola de samba.
O filme, em seu conteúdo, como todos sabem conta a história de Eunice Paiva, um retalho do sofrer do povo brasileiro nos anos de autoritarismo, que esperemos não se repitam jamais, o uso do medo e da violência como formas de dominação política. É uma história dentro de um mosaico de histórias, algumas contadas com sensibilidade, como a do filme, outras não, algumas sequer sabidas. Apesar dos 38 anos do marco da redemocratização – a Constituinte – da qual Eunice participou ativamente, ver subsistir formas análogas de poder nas periferias e no campo, assim como a mesma forma de domínio assombrando em erupções como vimos no governo passado e no 8 de janeiro, nos exige atenção. E muita!
O momento é de festejo sem excluir a denúncia.
O prêmio maior vai para a velha e saudável sabedoria da cultura popular brasileira: a “foliaterapia” para nos fazer em êxtase coletivo gastar e carregar baterias para outras batalhas.
Vamos todos sorrir e lutar com poesia e alegria!
Luiza Monteiro é integrante do Coletivo Amsterdam pela Democracia.
Nota: Os textos, citações e opiniões deste texto podem não expressar – no todo ou em parte, a opinião dos Coletivos da Fibra.