É pra ontem, Amorim. Rompimento, já.

Barcelona, 12 de junho de 2025.

Por Flavio Carvalho, sociólogo e escritor.
@1flaviocarvalho

Em diálogo com a matéria da Brasil de Fato.
https://www.brasildefato.com.br/2025/06/11/governo-avalia-medidas-de-pressao-contra-israel-rompimento-de-relacoes-ainda-e-considerado-complexo/

Ponto a ponto.

Screenshot

DRAMA X DRAMA.
“O embaixador Celso Amorim destacou que a retirada do embaixador brasileiro em Tel Aviv, Frederico Meyer, em maio de 2024, é vista como um gesto “dramático” nas relações internacionais”.

Essa é fácil, nenhum drama será mais dramático (perdoem o pleonasmo) que o que está acontecendo agora mesmo (faz tempo) na vida dessas mulheres e crianças em Gaza.

Esse ponto já foi superado em diversos lugares do mundo.
O mesmo mundo que agora está esperando mais, muito mais, do Brasil.

A MELHOR PRESSÃO: ROMPIMENTO
“Amorim criticou o governo de Israel durante o encontro e afirmou que o governo brasileiro estuda novas ações de pressão contra o Estado sionista”.

Outro ponto superado, faz meses. Criticar somente, com palavras, só provocou cumplicidade com o genocídio. Não é hora de falar somente e sim de agir, de forma objetiva e concreta. E urgente, se ainda falta lembrar da urgência.

O Fascismo sionista já demonstrou o quanto lhe importa a pressão exterior, só falada.

Nem é preciso buscar nos anos 40 a história dos vacilos diplomáticos contra Hitler. Nem no Genocídio de Ruanda. Nem na Bósnia. Nem durante os anos de Apartheid e prisão de Mandela. Tá nos livros de história, da boa.

COMPLEXIDADE X MORTE INFANTIL
“Amorim teria dito que o rompimento de relações com Israel é um tema “complexo”, pois teria impacto inclusive sobre os cidadãos brasileiros que vivem na região”.

Leia o primeiro ponto. O que é mais complexo que um menor sem dormir semanas seguidas, com fome desesperadora, com medo de um míssil lhe cair na cabeça e lhe tirar a vida como aconteceu muitas vezes ao seu redor, inclusive exterminando seus pais e sua família? Existe complexidade mais importante que essa?

Quantas cidadanias de pessoas brasileiras naquele genocídio podem servir de desculpa (mesmo que muito válida) para barrar, freiar, estancar, paralisar uma ação mais contundente, como já fizeram vários governos, com mais cidadãos na Palestina do que o Brasil?

O MAIS GRAVE. ALIÁS, SÃO TRÊS RETROCESSOS.
“Finalmente, o documento entregue ao ex-ministro elenca “três promessas não cumpridas” pela diplomacia brasileira em relação ao conflito. “O presidente Lula declarou publicamente que o Brasil apoiaria a ação da África do Sul contra Israel na Corte Internacional de Justiça por genocídio. Essa declaração gerou esperança e repercussão positiva entre defensores dos direitos humanos. No entanto, até hoje essa promessa não foi efetivamente cumprida, nem com uma manifestação formal de apoio, nem com a entrada como parte interessada no processo”, diz o texto.”

Nem preciso dizer nada mais.

LOGO, A SEGUNDA PROMESSA INCUMPRIDA. CONTRADIÇÃO.
“O comunicado destaca ainda a posição do chanceler Mauro Vieira, que segundo os parlamentares, “tem reiterado a defesa da ‘solução de dois Estados com fronteiras negociáveis’, o que contradiz a posição histórica do Estado brasileiro em defesa das fronteiras baseadas nos acordos de 1967, com Jerusalém Oriental como capital do Estado Palestino”.

Avança, Itamaraty, por favor. Esse ponto já foi superado milhares de mortes atrás!

E O TERCEIRO VACILO. VERGONHA MUNDIAL.
“Falar em ‘fronteiras negociáveis’ ignora os direitos já reconhecidos ao povo palestino e legitima a expansão colonial israelense. É essencial que o Brasil alinhe seu discurso à sua política histórica de reconhecimento pleno da Palestina”, afirmam, agregando ainda a preocupação sobre a discriminação persistente contra palestinos e árabes nas embaixadas brasileiras e nos processos migratórios.”

Inadmissível. Como seguir com isso? Assim, Amorim?

PERDOE, NATÁLIA. MAS, POSITIVO AGORA É ROMPER.
A deputada federal Natália Bonavides (PT-RN) avaliou positivamente a conversa com Amorim. “Diante desse grave cenário de genocídio por parte de Israel, que já contabiliza mais de 50 mil mortes de palestinos, que tem mulheres e crianças como as principais vítimas, nos reunimos com o embaixador Celso Amorim para pedir que nosso país avance em medidas efetivas de sanções, como o rompimento das relações comerciais entre Brasil e Israel. Foi um momento bastante importante e pela primeira vez o governo se posicionou de modo público e oficial que está estudando as medidas.”

Como assim? Quantas mortes foram necessárias para que somente agora fosse a primeira vez que nosso governo se posicionasse de modo público e oficial? Lembram quando os fascistas demoraram meses para admitir as mortes pela sindemia do Covid? É isso que queremos para nós? Tanta coisa estamos fazendo neste Governo para que entremos na história para sermos lembrados pelo que não fizemos, no exato momento que deveríamos ter feito algo e não o fizemos?

Perdoem, companheiros. Não precisa estudar-se mais nada. Já entendemos tudinho. Agora, vai lá dizer a quem está morrendo, preso, em solitária, em greve de fome, que o melhor agora é isso: Estudar as medidas! Pelamordedeus.

Basta de Notas Diplomáticas com verbos bonitos e expressões aristocráticas.

Permitam-me não expor o que eu acho que Netanyahu está fazendo agora mesmo com cada uma dessas cartinhas que o Itamaraty lhe está dedicando…

Alegrem o dia do Chico Buarque. Rompam JÁ.

Aquele abraço.

Nota: Os textos, citações e opiniões deste texto podem não expressar – no todo ou em parte, a opinião dos Coletivos da Fibra.

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