Por Namir Martins, para o site da FIBRA
Frankfurt, 01 de maio de 2023.
Nos últimos anos, o povo brasileiro tem assistido a acontecimentos inimagináveis, surreais. Assistimos estarrecidos , através de manobras políticas e por meio de um processo de impeachment, à destituição de uma presidenta eleita. Sofremos com a prisão injustificada de Luiz Inácio Lula da Silva; soubemos das intrigas políticas e das perseguições aos opositores da “Operação Lava Jato”, que Lula ficou preso por 580 dias, sem provas concretas, por decisão de juízes desonestos e oportunistas.
Assistimos com preocupação a ascensão ao poder de Jair Bolsonaro, apoiado por uma mídia, conivente com o golpismo de uma elite exploradora e apoiadores fanáticos. Ficamos chocados ao ver o aumento da violência e da intolerância no país; assistimos o extremismo se enraizar na sociedade brasileira; sentimos na pele a agressão da direita só porque nos vestíamos com a cor vermelha. Choramos a morte de mais de 700 mil brasileiros vítimas da Covid 19, enquanto um presidente zombava e desprezava o sofrimento do povo. Os últimos quatro anos foram terríveis para o povo brasileiro!
Bolsonaro destruiu as políticas sociais já conquistadas cortando projetos que apoiavam o povo. A fome voltou, o desemprego aumentou. Bolsonaro dizimou, destruiu, esfacelou um país que havia saído do mapa da fome da ONU, era a sexta economia do mundo e gozava de respeito na comunidade internacional. Mais quatro anos de Bolsonaro e o país como o conhecíamos deixaria de existir! Só Lula teria a força e o carisma para unir diferentes grupos politicos, numa grande frente democrática, para derrotar a extrema-direita. A democracia e o Estado de Direito estavam em jogo. E Lula ganhou a eleição com estreita diferença.
Descontentes com a derrota eleitoral, os apoiadores de Bolsonaro, financiados por empresários sem escrúpulos, acamparam à porta de quartéis exigindo uma intervenção militar. Os atentados políticos começaram a ocorrer sem qualquer impedimento no Brasil, sem que as polícias interviessem. Lula voltou aos braços do povo e foi empossado numa cerimônia comovente, cujas cenas foram transmitidas para todo o mundo.
Uma semana depois da posse, os apoiadores de Bolsonaro invadiram o Palácio do Planalto (palácio presidencial), o Congresso Nacional e o Supremo Tribunal Federal. Enfurecidos, destruíram tudo o que viram, com a conivência de policiais que deveriam proteger o patrimônio público dessas instituições. Os extremistas esperavam que as forças armadas os apoiassem e conseguissem destituir Lula da Presidência. Uma primeira tentativa de golpe fracassada!
O que é que mudou com a eleição de Lula? Onde estão os apoiadores de Bolsonaro? Há novamente alegria no país? Lula nomeou um grande número de ministros comprometidos com a reconstrução da democracia. Muitos brasileiros dizem: “Lula já conseguiu em 4 meses o que Bolsonaro não conseguiu em 4 anos!” E é verdade: em pouco tempo, Lula lançou projetos como “Minha casa, Minha vida“, “Bolsa Família” (aumentado em R$ 150,00 por criança até 6 anos) e o “Programa Mais Médicos” para a população carente. A retomada de obras suspensas, a merenda escolar para as crianças, o aumento do salário mínimo, o auxílio emergencial ao povo Yanomami, a expulsão dos garimpeiros das áreas indígenas e medidas de proteção à Amazônia foram algumas das medidas já tomadas a curto prazo. No entanto, apesar do apoio de grande parte da população a Lula, as ações da extrema-direita aumentaram, sobretudo nas redes sociais. Fake news em vez de notícias, um Congresso em que grande parte dos parlamentares é fiel ao ex-presidente, a imprensa partidária com a elite boicotando o governo Lula e a ameaça constante de um golpe de Estado ainda fazem parte da vida brasileira. Até agora, pouca coisa mudou. A resistência brasileira está presente e apoia o Presidente Lula. Continuamos a lutar pela democracia e pelo Estado de Direito no Brasil!
Aqui a Revista Brasilien Aktuell 2023, com o texto original, também em alemão.
Namir Martins é membra da Fibra e do Coletivo Democracia Resiste! (antigo Desmascarando o Bolsonaro já!), na Alemanha.
Nota: Os textos, citações, e opiniões são fornecidos pela autora, sendo de sua exclusiva responsabilidade, e podem não expressar – no todo ou em parte, a opinião dos Coletivos da Fibra.